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Crítica: Cells at Work! – Live Action

E se as células tivessem vida própria?
Pode parecer mais um tema de filme da Pixar, mas, dessa vez, estamos falando de Cells at Work!, a adaptação com atores do mangá e anime de mesmo nome que estreou em 2024 no Japão e chegou às telinhas brasileiras pela Netflix em junho de 2025. Assistimos e viemos trazer nossas impressões para vocês.

Qual é o limite do Live Action?

O que faz um bom live-action? Depois de dezenas de adaptações diferentes, já é possível perceber os caminhos que uma história animada pode seguir ao ser adaptada com atores reais. Dá para ser um desastre ao tentar mudar tudo, como Cavaleiros do Zodíaco ou Dragon Ball Z, ou um sucesso por seguir mais fielmente a história original, como One Piece e Samurai X.

Entretanto, existe um caminho do meio: entender a essência da obra e contar uma história própria, mas que utilize as ideias mais importantes do título como um todo. Esse é o caso de Cells at Work!. O live-action se apoia em vários pontos iniciais para explicar seu universo e, a partir do segundo ato, apresenta uma narrativa própria e totalmente divergente do material original, uma escolha bastante interessante.

Na história, acompanhamos dois núcleos principais: o primeiro mostra a vida da estudante do ensino médio Niko (Mana Ashida, de Círculo de Fogo), que leva uma rotina mais saudável, e de seu pai, Shigeru (Sadao Abe, de Lesson in Murder), que anda mais desleixado com o próprio corpo. Já no segundo núcleo, vemos as células “em ação” (literalmente), acompanhando o Glóbulo Vermelho (Mei Nagano, de Office Royale) e o Neutrófilo (Takeru Saito, de Samurai X) trabalhando intensamente dentro do corpo de Niko.

Aproveitando os formatos

Com o mangá publicado entre 2015 e 2021, e o anime exibido entre 2018 e 2021, Cells at Work! é basicamente uma série de esquetes que mostram, por meio de diferentes situações, o funcionamento do corpo humano. É um formato muito comum em mangás de comédia, pensado justamente para manter o público engajado em cada aventura, mas difícil de adaptar para um filme. E esse é um dos acertos do longa.

A primeira parte do filme segue à risca o formato do mangá, utilizando algumas esquetes para apresentar os personagens principais e secundários mais importantes, como as Plaquetas e as diferentes Células T, o que atrai bastante quem já conhece a série. Inclusive, há momentos retirados até do spin-off Cells at Work! Code Black, que traz temas mais complexos e uma abordagem mais madura. O grande diferencial do filme é incluir a história dos “donos” dos corpos, oferecendo um contexto mais amplo e conectando os fragmentos de narrativa das células com os acontecimentos no mundo real.

Na segunda parte, essa estrutura é deixada de lado para contar uma história única e completa, que ainda se inspira em situações da obra original, mas abandona o tom humorístico em favor de algo mais dramático e linear. E é aí que o filme dá uma leve derrapada. Essa mudança de tom é muito abrupta e quebra o ritmo da narrativa, o que pode surpreender alguns espectadores, como aconteceu conosco durante a sessão.

Por aqui, essa foi a sensação: em um momento, estávamos rindo e comparando as cenas com o mangá e o anime; no outro, estávamos em silêncio, estarrecidos com os acontecimentos, mas curiosos para saber como tudo terminaria. Veja bem, não é algo ruim, apenas inesperado.

Um bom elenco e um mundo crível

As atuações estão no tom certo. Mana Ashida e Sadao Abe convencem como filha e pai, enquanto os atores que interpretam as células se mostram seguros nos registros de comédia e drama, equilibrando bem os dois. Além disso, a cenografia contribui bastante para a imersão, trazendo à vida os ambientes com uma série de easter eggs que divertem quem conhece mais sobre o corpo humano.

E é justamente isso que faz de Cells at Work! uma adaptação tão interessante de se assistir. O filme mantém as principais características da obra original, mas cria uma nova embalagem, curiosa o suficiente para atrair tanto quem já conhece a história quanto quem está tendo contato com ela pela primeira vez.

E você, o que achou do filme? Conta aqui nos comentários.

Wagner Emerich Jr

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